quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

GREGÓRIA | Lembranças

Esta sou eu, deitada numa cama, adoentada e sem qualquer expectativa de melhorar. Acredito que seja um bom momento para contar minhas memórias. Alguém vai se interessar por ler? Dificilmente. Não tenho falsas esperanças. Mas me acalma poder fazer alguma coisa, por mais inútil e sem qualquer fundamento que pareça ser.

Então, o que devo falar sobre mim? Nasci no Rio de Janeiro, num bairro pobre e sem qualquer expectativa sobre minha vida. As pessoas me falavam que eu iria casar com um senhor que poderia ao menos me sustentar e que eu teria uma vida simples, mas agradável. Foi exatamente o que aconteceu.

Minha história não é das mais alegres, mas diga-me: hoje alguém tem uma história feliz? Dediquei minha vida a cuidar de meus filhos, que depois de um tempo sumiram atrás de alguma oferta duvidosa de dinheiro.

Mas tive bons momentos também, não sou uma pessoa tão amargurada quanto aparento. Um dia, há muito tempo, conheci o homem de meus sonhos. Deixe-me contar-lhe mais detalhadamente.

Era ainda uma moça e estava cheia de esperanças. Passeava pela praça quando o vi. Não lembro hoje mais como parecia, mas lembro que era exatamente como tinha sonhado. Fui falar com ele, sem qualquer escrúpulo.

Que pensava eu, ao ir falar tão ingenuamente com aquele homem? Ainda acreditava nas belezas do amor. Ele não apenas me ignorou como deixou bem claro que nunca trocaria uma palavra ou olhar comigo. Aquela foi a primeira e também a última vez que me apaixonei por alguém. Depois daquilo nada mais valia a pena, aquele homem tinha acabado com todas as ilusões que um dia tive.

Lembro que, naquele tempo, questionava a mim mesma constantemente: “Não devo ter nascido para isso, para uma vida tão pacata e comum como essa”. A verdade é que meu sonho sempre foi viajar, conhecer o mundo e as belezas do velho mundo, depois do oceano. Mas que se há de fazer? Esta foi a vida que me foi dada e, se por um acaso tentasse me desfazer dela, menos ainda conseguiria.

É triste e difícil lembrar de tudo isso, agora com essa idade. Tudo passou tão rapidamente, e a maioria daquelas pessoas, que se disseram tão importantes em minha vida, se foram também. Talvez, seja minha hora.

Sinto-me tão cansada agora, depois de contar todas essas coisas. Talvez, seja melhor descansar. Para sempre.

Conto escrito pelas alunas Betina, Brenda e Victória da turma 202

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